Procurando

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Na noite luz

Um déjà vu inédito

Os passos firmes 

A respiração consciente

Caminha



No mundo real alheio

Os olhos brilham

Os pelos se eriçam

Observa



Na magia do momento

As pernas balançam

O corpo estremece

Voa

O que vêem

Quem a escuta fica encantado. Tantas vontades, tantas certezas, segura de si. É frenética: mãos e lábios se movimentam numa velocidade espantosa. Uma mecha de cabelo sobre os olhos e ela a afasta com uma delicadeza memorável. O som da sua risada é quente e deve ter sabor de chocolate. Lânguida, esguia, libidinosa. Sempre procura o olhar da segunda pessoa do discurso e faz, por um momento, serem um só. Quando se cala não deixa de sorrir.

Pecado

Deus de Ébano

Calado

Olhos de gato



Sabor de café

Perdido




Pele quente

À luz da cidade

Rouba pensamentos



Voz mansa

Deixa de pensar




Um toque

Um frisson

Olhares cúmplices



A frase sussurrada

Ao pé do ouvido

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Vai um capuccino aí?

Quiseram acreditar no amor, quiseram crer na felicidade, quiseram se sentir bem. Mas têm medo. Têm medo de almejar o impossível, de viver num mundo cheio de ilusões. Medo de se sentirem amados, felizes e depois não terem mais nada. Por isso escolhem renunciar ao amor. Por medo. Covardia, eles sabem. Mas é como eles se defendem, é como eles sabem lidar depois de tanto sofrimento. Vejo o quanto merecem o melhor. Mas o mundo é um absurdo! Um caos! Não são daqueles que pensam e celebram o milagre do cotidiano. Está tudo perdido! Porém, querem ser felizes. Seguem dizendo que está tudo bem, que a saudade é suportável. Só queriam se achar e se perder um no outro hoje, pois "este é o tempo ansiado de se ter felicidade"!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

The autumn in my heart

Carpete de folhas

No meu caminho

Sozinha

Sigo




Com esforço

Me silencio

Cansada

Rio




Custo a ver

A chuva

Molhada

Finjo

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

38' de quatro

Ai, me deu uma pontada no coração! E viro de um lado, viro do outro, tento achar uma posição confortável e ainda que não seja o ideal, insisto. Acho bom, gosto da idéia de ter que falar bem pertinho, colada para poder ser ouvida. A greve durou menos de 24 horas... não consigo ficar chateada. Fico arranjando pretexto para brigar, mas simplesmente não existe (não agora). A respiração acelera, os risos são inevitáveis e é bom a voz quentinha do outro lado. Agora são as costas que doem... não me importo muito. Não quando estou com ele!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Greve de silêncio

Eu sei. Pode duvidar, mas quando eu digo que eu consigo eu não falho. Posso fraquejar porque ninguém é de ferro. Porém, se é pra jogar assim, eu entro na roda. Aposto que ganho... não entro para perder. Acho besteira ficar medindo os passos, calculando as palavras, mas se você prefere assim então vamos lá! Seria mais simples deixar rolar, não ter tantos grilos. Só que o final desse filme eu já sei de cor: a gente se habitua, se acostuma a receber e esquece de dar. Por isso me afasto, me ausento por tempo indeterminado. Esse lado você ainda não conhecia. Sei que você bem que gosta quando eu não sou tão previsível.

Da minha bolha

Simples assim

Não tem mistério

Se não quero papo

Não quero




Longe de mim ser maldade

Apenas um pouco de privacidade

Tem dias que é preciso

Me deixar perdida nos meus pensamentos




Se é diferente

Se não agrada o silêncio

Pegue suas coisas e se afaste

Preciso do ócio




Sozinha

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Instante de dois

Eles já se olhavam há algum tempo. O calor dos corpos de ambos era palpável... o tempo que antes havia sido tão cruel agora não fazia mais parte deles. A cena era instigante: um silêncio profundo sentido apenas pela respiração acelerada dela. Lá fora a chuva caia mansa e fina. Ela pensava que enfim estavam lá, enfim estavam juntos. Toda a calmaria se explodiu de repente num jogo louco de braços e cabeças. Ele a apertava forte contra o colchão e a respiração se misturava a gemidos. Gemidos longos e doces. Um emaranhado de cabelos e a vontade de nunca mais sair dali. Ela o puxava para junto de si, para dentro dela com uma ânsia quase fatal. Beijos gulosos, mordidas que queriam levar tudo do outro. Tudo desaparecia e então só estavam os dois perdidos nesse alvoroço todo. As mãos firmes dele continuavam a apertar seus quadris. Ela era um misto de ternura e tesão. Derretia-se pelos seus braços. Era lindo ver essa dança dos corpos comandada pelos sons mínimos da situação. A explosão veio rápida, certeira. Um som agudo invadiu o quarto e um frisson percorreu os dois corpos. O ritmo foi diminuindo, eles voltaram a se olhar - como que para terem certeza de que ainda estavam ali, que ainda estavam juntos no mesmo propósito. Ela sorriu, ele retribuiu passando a mão pelo seu rosto.

Corrompidos pela Cosmopolização

Essa coisa de ser mulher em pleno séc. XXI não é das mais evidentes. Na boa... acho muito bacana, muito válido toda a luta já travada pelas minhas ancestrais e o lance de queimar os sutiãs e tal, mas eu realmente acho um pouco confuso algumas coisas. Se eu fosse uma Amélia da vida, me contentaria em esperar pelo meu marido (sim, eu já seria casada) com o jantar pronto todas as noites. Seria feliz assim. Mas não! Não posso querer lavar as meias de ninguém, tenho que dividir a conta no restaurante e telefonar marcando o cinema. Preciso falar de tudo: política, filosofia, música, cinema, literatura, bolsa de valores e desenvolvimento sustentável. Tenho que estar sempre com a depilação em dia, unhas feitas e saber andar bem de salto. Mas é aí que mora o problema, minha gente! Essa coisa de ter uma personalidade forte, de saber o que quer e de colocar a carreira profissional antes dos chamados maternos da natureza amedronta os pobres coitados do sexo oposto. Num primeiro momento pode até seduzí-los, porém pergunta quem é que quer uma mulher dentro de casa que fale tão alto quanto eles?




Fica cada vez mais claro que a mulher está conquistando o seu lugar ao sol. Só que a gente tem que dar conta das novas funções adquiridas e ainda manter o posto de Amélia. Então, meu querido amigo, pra você que me disse que no fim das contas eu não passo de uma "espanta-homens", digo-lhe que por um bom tempo eu assumi bem o papel de Penélope. Entretanto, um dia a gente cansa de ficar esperando pelo nosso Odisseu e passa a exigir tanto quanto fomos/somos cobradas. Daí, quem quiser pagar o pato vai ver que "eu sou um doce e que além de cozinhar bem ainda recito poesia" (a modéstia me impede de ir mais além). Convenhamos, vai?! A gente bem que gosta desses papéis pré-designados, mas fica difícil admitir, né?! Sorte que escolhemos viver ao redor deste caos cosmopolita que nos impulsiona rumo a igualdade de gêneros ainda tão temida (ou não... vai saber!).


Olá! Como estão as coisas por aí?

O telefone já havia tocado há cinco minutos, a cama quente não tinha intenção alguma em querer que ela se levantasse dali. Teria que fazê-lo. Olhou pela janela e viu que ainda estava escuro... quantos graus lá fora? Disseram que a mínima seria de 6ºC. Automaticamente vestiu o mesmo jeans que usara na véspera, colocou seu pulôver predileto e seu velho All Star. Comeria cereais! Ficou contente ao ver que havia comprado leite. A casa era um silêncio absoluto: conseguia ouvir baixinho o barulho dos poucos carros que já estavam na rua a esta hora. Apressou-se, não tinha muito tempo. Escoveu os dentes, pegou a bolsa, o cachecol, vestiu o casaco e saiu.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Loulou et moi

- Coucou! 3 meses?

- Oui, 3 meses et toi?

- Aussi.

- Ah, non...

- Que?!

- Nada.

- Comment nada? Que'est-ce qu'il y a?

- Nada. Ce sont juste les linges qui sont encore mouillées.

- Que??

- Mouillées... tu sais? NOT DRY!

- Ah oui... peraí! La chauffage...

- Le chauffage.

- Ah, ouais... ça aussi.

- Mais non. C'est LE chauffage!

- Quoi?

- Quoi quoi?

- Ta gueule!!!

domingo, 1 de novembro de 2009

Sem título

A necessidade constante em nomear as coisas faz com que a gente esqueça de enxergar o que está aqui bem na frente do nosso nariz. Pensar em hipóteses, começar o discurso do "e se" só aumenta o sofrimento. E digo mais, a gente quer sofrer, a gente precisa disso para não nos sentirmos tão culpados diante de toda a felicidade récem-conquistada. Nos esquecemos entretanto de que de lágrimas nossos caminhos já estão marcados, de que não podemos ser incoerentes a este ponto, que precisamos parar de nos sabotar. A culpa faz parte do processo de adaptação, pois sempre nos disseram que ser feliz assim não era para todos. Só que agora, exatamente neste momento, é para nós! Talvez não seja para sempre e ainda bem que não, pois é aí que reside a graça. Acabamos sendo gulosos, comendo tudo até além do limite enquanto podemos fazer isso. No final podemos até passar mal por causa da ânsia de querer provar mais. Porém, se é para sermos extremistas, façamos dessa forma: amar sem pensar em regras, nomenclaturas ou punições.